Desperate Housewives (2004-2012)


Durante estes últimos oito anos tivemos o prazer de ter a companhia e conhecer as vidas de quatro donas de casa e toda a agitação que é viver nos supostamente pacatos subúrbios de Wisteria Lane. Esta foi uma série que não me despertou a atenção logo de inicio quando assisti à publicidade pois esta me transmitiu a ideia errada de uma história fútil com personagens fúteis, mas quando decidi dar uma hipótese e comecei a ver os primeiros episódios fiquei logo presa e nunca mais parei até ao episódio final.

Foi uma série que durante oito anos manteve sempre o meu interesse, com episódios bons e outros menos bons, mas no geral ao olhar para trás acho que manteve sempre um bom nível de qualidade prendendo-nos sempre com os seus mistérios e descobertas surpreendentes, dramas de nos deixar com as lágrimas a cair e cenas que nos faziam rir.

Sempre me coloquei a questão de qual a minha personagem preferida entre as quatro, mas nunca cheguei a grande conclusão, pois foram criadas quatro personalidades distintas mas cada uma com os seus pontos fortes e que me faziam sempre apaixonar por cada uma.

Tivemos Bree, uma dona de casa muito preocupada com a sua imagem, em manter a aparência de uma vida familiar e uma casa perfeitas, mas que de todas era talvez a que tinha mais problemas. Todas as suas relações instáveis, o seu problema de alcoolismo, o seu filho homossexual que ia contra todas os seus princípios religiosos, a sua filha adolescente grávida, tudo isso prova de que quanto mais perfeito se quer ser ou aparentar ser, pior é. No entanto esta consegue sempre superar todos os seus problemas seja engendrando os planos mais malucos para esconder um problema, seja levantando a cabeça e lutando, ou, quando bate mesmo no fundo, com a ajuda das suas amigas.

Lynette é a mãe de cinco filhos que nos traz a perspectiva da dona de casa que tenta conciliar esta tarefa de mãe com o seu emprego. Ao longo dos anos em que nos é contada a história vai sempre alternando as duas tarefas com a ajuda também do seu marido. Nesta personagem o que mais gosto é a relação que tem com o Tom, era sem dúvida o meu casal preferido, o amor que tinham um pelo outro, o apoio que sempre deram um ao outro nos bons e maus momentos, mesmo apesar de sempre vir ao de cima os defeitos que cada um tem. Por isso nesta última temporada sempre torci episódio após episódio para que eles se mantivessem juntos, pois depois de tudo por que tinham passado a história não podia ficar assim, tinha de ser mostrado que apesar de todas as dificuldades, de todos os defeitos que se possa ter, do cansaço de muitos anos de casamento e muitos filhos há sempre uma forma de ultrapassar isso tudo em nome do amor e amizade entre um casal.

Gabrielle foi a modelo que a partir de determinado momento viveu uma vida cheia de dinheiro e fútil, sem outro conteúdo senão compras e mais compras. Mas as primeiras mudanças nessa vida começaram com a mudança para Wisteria Lane e com o começo de um relacionamento com Bree, Lynette e Susan, conhecendo o verdadeiro significado de amizade. Depois continuou o seu crescimento em conjunto com o seu marido Carlos devido a vários trambolhões e pancadas que a vida lhes deu. A cegueira de Carlos, o período de pobreza por que passaram, a primeira gravidez e consequente aborto, são exemplos de vários obstáculos que serviram para o crescimento e aprendizagem de Gabrielle tornando esta numa mulher melhor e de sucesso. Claro que nunca perdeu completamente a sua mania de recorrer a esquemas manhosos para tentar ganhar mais dinheiro ou para atingir os seus objectivos do momento, mas não seria a personagem engraçada e divertida por que nos apaixonámos se o deixasse de fazer por completo.

Susan é a desastrada do grupo oferecendo-nos alguns momentos cómicos ao longo da série. Mas claro que também passa pelos seus dramas e são estes bem grandes dando-nos também momentos de comoção e de suspense em várias situações. Falando relativamente a esta última trama, a morte de Mike, foi algo que não estava à espera e não fiquei muito satisfeita com este final dado à história de Mike e Susan depois de tudo por que passaram para ficarem juntos.

O grande tema presente ao longo de toda a série foi sem dúvida a amizade e foi realmente isso o que mais gostei nesta série, o forte laço de amizade que une estas quatro personagens. O amor que nutrem umas pelas outras e união que sobrevive a todos os contratempos é algo realmente inspirador. Apenas achei que a forma como terminou a série poderia ter ido de encontro a isto, pois uma união que sobrevive a todas as crises também deveria sobreviver ao tempo e espaço e é pena sabermos que depois de haver uma mudança destas quatro mulheres para diferentes locais nunca mais conseguiram arranjar uma forma de se voltarem a encontrar. Não é que isto não aconteça na vida real, mas o que precisamos são de exemplos em contrário, principalmente quando esses exemplos foram sempre dados ao longo de toda a série.

Tirando isso tenho a dizer que gostei muito da forma como acabou a série, de ficar a saber qual o destino de cada uma delas e os objectivos que alcançaram no seu futuro e também do seu final de certa forma em aberto, mostrando-nos também algo que sempre ficou patente em toda a série: que contrastando com a imagem idílica que os subúrbios transmitem, ou seja, de um lugar onde há sempre um cuidado em manter as suas casas e jardins bonitos e tratados, em manter a paz entre os moradores e boas relações, manter o exterior e imagens perfeitos, o interior está sujo e podre, as vidas pessoais de cada morador com problemas e segredos terríveis, por mais que o tempo passe e por mais pessoas novas que apareçam, toda a gente tem telhados de vidro.

Jennifer: Steve is so excited to finally live in the suburbs. I’m a little worried it’s going to be boring.
Susan: Oh, I wouldn’t worry about that. This street is a lot of things. Boring is not one of them.

Desperate Housewives foi uma série que me fez rir, chorar, prendeu-me com os seus mistérios e segredos e surpreendeu-me com as suas revelações. Teve o mérito de conseguir manter o meu interesse durante oito anos e foi com pena que me despedi destas quatro mulheres. Esta é certamente uma série que não irei esquecer…

E vocês, o que mais vos marcou ao longos destes oito anos? Será esta uma série que voltará a ser vista e revista por vocês daqui por uns tempos? Ou cairá no esquecimento?

7 thoughts on “Desperate Housewives (2004-2012)

  1. Cair no esquecimento? Nunca mesmo! A série marcou uma era na televisão, tal como House (que também acabou este ano), Desperate Housewives é daquelas séries que fica para a história, onde todos se perguntam no futuro se haverá alguma reunião, um filme, ou um spin-off (bem, já há rumores de que vamos voltar a ver Wisteria Lane, só que com novas habitantes… não me importava nada que isso acontecesse).
    Concordo contigo em relação ao final, gostei muito do desfecho dado à história do assassínio, e gostei de ver o final de todas, o que é que cada uma tinha reservado para o seu futuro. Pena é mesmo que elas não se voltariam a encontrar, mas também gostei dessa alternativa, pois toda a gente estava à espera de um felizes para sempre… Mas ainda assim, há hipóteses de uma reunião, não acredito que perderam completamente o contacto…
    Gostei também da aparição de Katherine e da cena em que Susan deu a volta a Wisteria Lane e viu os fantasmas de todos os antigos moradores da rua. (claro, tinha que faltar a Edie Britt…)
    Nesta temporada só senti falta do mítico episódio-desastre, uma pena…
    Quanto às personagens, acho que Gabrielle, das 4, foi a mulher que mais cresceu, ela que era uma mulher mimada e superficial, passou por tantos problemas que a amadureceram, e claro, sem perder aquele toque cómico dela (uma das minhas cenas favoritas foi quando ela teve de fazer um bolo igual ao de Bree, porque Carlos não acreditava que o bolo tinha sido feito por Gaby, pois na altura ele estava chateado com Bree).
    Bree também mudou imenso, era a mais perfeita da rua, mas por dentro ela era um caos, até que ela, pouco a pouco foi tirando a sua máscara de perfeição (até se nota no seu cabelo, no início tinha curvas perfeitas e parecia que não saia do sítio, e foi-se soltando e encaracolando, hahahah)
    Susan também foi uma grande personagem, sempre foi o alívio cómico das 4, mas também teve direito a dramas bem intensos, inclusive a morte de Mike, uma conclusão para ele muito triste, e muito emocionante de se ver.
    Lynette sempre foi a minha DH “menos preferida”, simplesmente porque achava que ela tratava Tom tão mal… Apesar disso, sempre defendi a relação dos dois, e nesta temporada sempre torci para eles juntos.
    Menção honrosa para Edie, que teve um destino trágico por causa de dramas de bastidores. Edie era fantástica, adorava a sua rivalidade com Susan e os seus comentários, e o seu jeito de slut. Renné, porém, foi uma bela substituta, ela era como uma black Edie, e era igualmente engraçadíssima e fantástica.
    Destaque também para Betty Applewhite, Angie Bowen, e, principalmente Katherine, as donas de casa que também foram desesperadas, umas mais tempo que outras, e que conquistaram o nosso coração.
    Mensão honrosa para os homens da rua, Mike, Rex (o melhor dos homens da Bree), Tom, Ben e Carlos. Muito emocionante a cena deles com MJ, a construir o carro, depois da morte de Mike. E lembro-me também com saudade da banda que eles tiveram.
    É com uma lágrima ao canto do olho e com muita saudade que me despeço duma das melhores séries dos anos 2000, na minha opinião. E tenho esperanças também de ouvir novidades no futuro sobre um reencontro.
    Por enquanto, ficamo-nos com Devious Maids, que também promete MUITO.
    XOXO

    • (Resolvido!) Foi mesmo triste ver o último episódio, e teve realmente cenas muito bonitas como essa mesmo da volta à rua por Susan. Sim, sem dúvida Gabrielle foi a que creceu mais, algo que como disse, começou a partir do momento em que começou a construir a relação de amizade com as outras três e estas lhe ensinaram o que realmente é ser amigo tendo assim de aprender a ser menos egoísta e mimada… É bem verdade, em relação a Bree, esse pormenor do cabelo, foi por isso mesmo que eu escolhi para foto mais antiga que mostrasse mesmo essa qualidade que ela tinha. Com o tempo foi ficando mais descontraída.
      Acho que o episódio-desastre desta temporada foi realmente a morte de Mike, algo que n esperava e que eu só pensava: “não, no episódio seguinte eles vão dar a volta e o homem afinal fica bem!”. Bem, claro que muita coisa fica por dizer sobre esta série que tantos bons momentos teve e sim, para já, pode ser que Devious Maids possa estar à altura.
      Bjs

  2. A minha relação com a serie é diferente. Comecei a ver quando esta já tinha umas poucas temporadas, depois deixei dever na 3ª temporada, e à uns anos atras voltei a ver do inicio ate começar a acompanhar estas 2 ultimas temporadas.
    Todas as 4 principais são personagens muito bem construidas, todas com altos e baixos como na vida real, e por isso não há nenhuma que consiga dizer ser mais favorita.
    Outra personagem que gostei muito foi a Katherine.

    Pode-se dizer que é o Sexo e a cidade dos anos 2000
    Porque não fazer um filme?

    • É isso mesmo, não dá para escolher uma preferida, porque cada uma consegue conquistar à sua maneira. Eu pessoalmente gosto bem mais do que Sexo e a Cidade, não sou grande fã. Mas em relação a fazer um filme, poderia ser uma boa ideia, mas também corre o risco de não ser grande coisa e não ter grande sucesso, estragando e esticando demais a imagem da série, não sei se me fiz compreender… Bjs

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  5. Boa noite pessoal! Acabei de rever a serie pois na época que passou eu perdi a sexta e a sétima temporadas então tem que se começar tudo desde o piloto, certo? Rs. Mas estou pesquisando pra tirar uma duvida e não estou encontrando resposta: no último episódio da ultima temporada, quando a Susan da uma ultima volta pelo quarteirão, não vi o fantasma da Edie. Eu não prestei atenção suficiente ou ela não aparece mesmo? E se não, alguém sabe o porque? Pô, aparece ate. aquela mulher que alugou um quarto da Gaby e vendia drogas, nem lembrava mais dela…rs. Muito obrigada!

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